sábado, 29 de novembro de 2008

Professores de inglês, de matemática e desenhistas se unem para ensinar a crianças e adultos a arte de produzir histórias em quadrinhos, numa estação

Nos tempos dos super-heróis

Teresa Cunha
Especial para o Correio

A turma dos anos 1950, 1960, com certeza há de se lembrar das famosas coleções de gibis e da disputa para ver quem comprava, primeiro, o último exemplar a chegar nas bancas. Depois, era hora de trocar as revistas para ler e ficar de olho à espera da devolução. Imagine perder uma delas!

Gerações e gerações navegaram nas aventuras de Tarzan, o rei da selva, Flash Gordon, o primeiro herói intergaláctico, Batman, com suas crises psicológicas, Super-Homem, o mais popular. Também se divertiram muito com os desenhos de Mickey Mouse e Pato Donald; e aqui no Brasil com a Turma da Mônica. Nem mesmo a revolução causada pela internet e pela tecnologia que trouxe a chamada “estética digital” para as histórias em quadrinhos diminuiu o interesse pelas tirinhas. Mudaram os desenhos e os personagens, mas a paixão continua, sobretudo no olhar e coração da garotada.

Para muitos desses meninos e meninas a chance surgiu com a Oficina de Histórias em Quadrinhos e animação em computador que funciona desde junho na Biblioteca Carlos Drummond de Andrade, ao lado da Estação do Metrô, na QNN 13, Área Especial, em Ceilândia. Em enormes mesas de madeira pintada de branco, eles dividem idéias, papel, lápis, canetas coloridas, pincel, tinta e o material necessário para exercitar o potencial.

E vão desenhando as figuras que povoam seus mundos. Seres extraterrestres, como os heróis dos desenhos que assistem na televisão ou lêem nos gibis, figuras mágicas extraídas dos sonhos que acalentam de um mundo melhor, máquinas superpoderosas com que poderiam conquistar o universo, como os carros de Paulo Henrique Oliveira, de 19 anos. (veja abaixo desenhos produzidos pelos alunos)

A oficina foi idéia do professor Mauro César Bandeira, formado em artes plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). Quando levou a proposta ao colega Edmilson de Melo e Silva, que leciona matemática, recebeu apoio imediato. Logo o grupo com voluntários das áreas de inglês, artes visuais, comunicação, estudantes e artistas de Ceilândia. “Queremos descobrir talentos, dar atividade para as crianças e criar um grupo para ensinar a arte das histórias em quadrinhos”, explica Mauro Bandeira. Assim que a notícia se espalhou, começaram a surgir interessados. Dos 7 aos 70 anos, não faltaram alunos. Hoje, são cerca de 60 inscritos, entre crianças, adolescentes e adultos, que vêm de Santa Maria, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires todos os sábados para as aulas que vão das 8h às 12h.

No caso das crianças elas têm de estar matriculadas em escolas para poder participar.“A criança tem o dom natural de desenhar, nós damos as técnicas de roteiro e animação”, diz Edmilson de Melo e Silva, entusiasmado com o projeto e com os resultados.O êxito do curso é tanto que os professores já receberam pedidos de oficinas no Lago Sul, no Plano Piloto, Guará e Sobradinho, segundo Edmilson. Mas, por enquanto, as atenções se concentram ali, em Ceilândia, onde a turma está aperfeiçoando o desenho para terminar uma revista em quadrinhos a ser lançada nos 38 anos da cidade, em 27 de março de 2009.

Fonte: http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/cidades/pri_cid_140.htm

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