domingo, 22 de agosto de 2010

Rascunhos que viram gibis


Sabe aquela aula em que você fica o tempo todo se perguntando: “por que estou aqui”? Vários colegas se retiram, vão jogar truco, sinuca e quem sabe até videogame. Mas chega-se a um ponto, em que não adianta: você estará preso a uma aula que lhe desagrada e não haverá saída possível. Nesse ponto, antes de atingir o desespero, vale tudo! Você pode ler essa matéria enquanto seu colega joga xadrez no celular e a menina a sua frente faz uma lista dos afazeres da semana…mas a maior parte da sala desenha.Rabiscos, estrelinhas, caricaturas ou histórias em quadrinhos. Essa arte toda, pode até fazer história, acredite ou não!

Foi o que aconteceu nos anos 70 com a Revista Balão. Nunca ouviu falar? Mas tenho certeza que conhece seus membros: Laerte, os irmãos Caruso, Gus, Luiz Gê, Xalberto e Angeli. A publicação teve oito edições e tinha pequena tiragem. A temática era muito variada, desde o apoio a caronas no Campus até discussões políticas.

Para o professor da ECA, Waldomiro Vergueiro, que há 30 anos estuda HQs: “O grande exemplo da Balão é que é possível fazer um quadrinho de qualidade, com uma proposta diferenciada em relação ao que existe no mercado, no ambiente universitário. Acho que o ambiente pode ser o berço de grandes vocações na área de quadrinhos”.

Desde o fim da Balão, muitas outras revistas e fanzines surgiram. Foi o caso das revistas Brigite, Garatuja, Pompom, Quadreca, Rhino e diversas outras. Contudo é a Revista Cogumelo que tem se mostrado mais estável. Criada em 1998, na FAU,já chegou a sua décima edição. Mas entre 2005 e 2008 as atividades pararam.

É o que conta Alexandre Sato, aluno do quinto ano de arquitetura, membro da atual revista Cogumelo. “As aulas mal dadas foram fundamentais para a nossa mobilização de retomar a revista”, diz. Desde a retomada, a décima edição foi feita e vendida na FLIP de 2009.

Para Waldomiro, a Universidade é espaço para o surgimento dessas formas de livre-expressão: “O ambiente universitário é um ambiente efervescente de ideias, de propostas culturais. É natural do jovem nessa fase, procurar novas possibilidades, novas formas de se manifestar. Já faz parte do mundo da universidade”. Alexandre concorda e afirma que se não fosse o convívio universitário, a Cogumelo não existiria.

POSTADO ORGINALMENTE NO JORNAL DO CAMPUS

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