domingo, 21 de novembro de 2010

De volta ao pastoreio

No ano de comemoração dos cem anos de publicação de O Negrinho do Pastoreio, dois autores gaúchos recontam a história com uma nova roupa. Na receita de Um Outro Pastoreio, de dMart e Índio San, há espaço para textos, poesias, bonecos, ilustrações e linguagem de história em quadrinhos. Isso tudo para contar uma fábula não linear e que tem três níveis de narrativa. A ideia da obra – uma legítima graphic novel (romance gráfico, em inglês) – assusta inicialmente, reconhecem os autores. Para contar a história que tinham em mente, livremente inspirada no clássico de Simões Lopes Netow os gaúchos passaram cinco anos em processo de construção da narrativa.

O desejo era transformar algo muito arraigado ao regionalismo em um conto universal, transpondo as fronteiras do Estado. Ao toparem por acaso com a lenda do Negrinho, dMart e San decidiram que a obra era perfeita para o que buscavam.


– Claro que havia um receio de nossa parte em mexer com uma história tão conhecida dos gaúchos – revela San.


Em Um Outro Pastoreio (Gaveta Editorial, 208 páginas, R$ 50), o personagem do Negrinho pode ser considerado um coadjuvante de luxo. Os autores criaram uma narrativa totalmente original ao trabalhar com dois pressupostos: e se o Negrinho não fosse um escravo, mas sim um ser Elemental? E se a Santa que sempre surge na história e tem conotação católica fosse na verdade Iansã, deusa orixá? Assim surgiu a narrativa que trata das jornadas de Iansã, a Deusa dos Ventos e das Tempestades, e de Simão, um velho peregrino, que recriam a lenda do Negrinho do Pastoreio para garantir o futuro do mundo dos homens e dos orixás.

POSTADO ORIGINALMENTE EM CLICRBS

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