terça-feira, 25 de outubro de 2011

Deficientes auditivos aprendem com HQs na Bienal do Livro


Nem o acidente de bicicleta, nem as dificuldades enfrentadas após o diagnóstico de tetraplegia impediram o alagoano Jorge Fireman de concluir o curso superior de Educação Física e se dedicar a estudar o uso da tecnologia educacional para ampliar as fronteiras da inclusão de pessoas com deficiência. Hoe, às 19h, Jorge Fireman lança seu primeiro livro sobre o assunto, durante a Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no Centro Cultural e de Exposições de Maceió.
Intitulado “Uso do software Hagaquê para a prática da Língua Portuguesa escrita da pessoa com surdez”, o livro é resultado dos estudos do autor sobre os avanços da produção escrita de jovens surdos a partir da utilização de um software de história em quadrinhos. Os estudos foram desenvolvidos durante o mestrado em Educação Brasileira, realizado pelo Programa de Pós-Graduação do Centro de Educação, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
De acordo com Jorge Fireman, o software Hagaquê foi desenvolvido por uma professora de São Paulo e, por meio das imagens e das histórias em quadrinhos, foi possível estimular a produção escrita de alunos com surdez matriculados em escolas de Maceió. “O software permite que os estudantes com surdez utilizem diversos personagens e imagens para a montagem de cenários que representem situações concretas, como em uma história em quadrinhos, facilitando a comunicação e a produção escrita a partir da associação das imagens e cenários criados com os conteúdos vistos em sala de aula”, explica o autor.
“Os alunos com surdez utilizaram o software Hagaquê no laboratório de informática e, no início, escreviam somente 2 ou 3 palavras nos quadrinhos. No decorrer do estudo passaram a escrever de 8 a 15 palavras. Isso é um avanço muito grande para pessoas surdas, pois o indivíduo ouvinte escreve como ouve e pensa, enquanto os surdos se comunicam através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que é uma língua com estrutura e características próprias, bem diferente da Língua Portuguesa. Os professores se surpreenderam com os resultados e os alunos se sentiram cada vez mais confiantes. São iniciativas como esta que comprovam que o acesso e permanência no ambiente escolar é possível”, defende Fireman.

O AUTOR – Jorge Fireman tem 34 anos, é formado em Educação Física, com mestrado em Educação Brasileira pela Ufal. Em 2003, a seis meses de concluir a graduação, Fireman foi atropelado por um carro quando chegava à academia de bicicleta. Após o acidente, ficou tetrapéglico, comprometendo os movimentos das pernas e parcialmente dos braços. A partir daí, começou a trabalhar pela inclusão das pessoas com deficiência. Em 2006, criou o Fórum Pró-acesso para discutir políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência. Desde então, faz palestras sobre a acessibilidade, educação especial e educação inclusiva, diversidade no ambiente educacional e corporativo e empregabilidade para a pessoa com deficiência e Direitos Humanos.
Desde 2008, atua no Departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Maceió. Foi presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e diretor do Departamento de Educação Especial no biênio 2009-2011. É parceiro da Agência Brasileira de Recursos Humanos/ABRH-AL e desenvolve como professor autônomo, diversas atividades de aperfeiçoamento profissional para o Serviço Nacional de Aprendizagem de Cooperativismo (Sescoop-AL).
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO JORNAL WEB

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